22/01/2009

O mundo pelo Duarte - Trabalhos do 7ºA da Escola de Santo António das Areias


Na Quinta – feira, dia 15 de Janeiro de 2009, os alunos do 3º Ciclo da EBI c/ J.I. Dr. Manuel Magro Machado deslocaram-se à Casa da Cultura de Marvão, para assistir a uma palestra e visitar uma exposição de fotografias tiradas pelo Duarte.
Apenas sabíamos que Duarte era um jovem com autismo, uma doença rara, por isso ficámos muito curiosos por podermos conhecê-lo. Fomos muito bem esclarecidos pelos enfermeiros João Bugalhão e Maria Manuel, a mãe do Duarte, que nos explicou o que era o autismo, as suas características, que são diversificadas, pois há vários graus, e os perigos para os indivíduos.
Podemos dizer que uma pessoa com autismo tem dificuldades em manter o contacto visual com os outros, por isso têm problemas em sociabilizar-se. O Duarte, à semelhança de outros rapazes com autismo (em cada 5 pessoas com esta doença 4 são rapazes), consegue expressar-se através da fotografia.
A enfermeira Maria Manuel explicou-nos que quando lhe dizemos alguma coisa, ele não sabe nem sente a sua sensação. Como por exemplo, se lhe dissermos “Está frio!”, ele responde “frio”, ou seja, não sabe qual é a sensação. Deu-nos outro exemplo: se uma pessoa com autismo vai a atravessar a estrada e um carro se aproxima perigosamente dela, ela ouve o carro, não reconhece o perigo que o carro representa. Assim, o maior perigo para as pessoas com autismo são elas próprios, porque não têm a noção dos perigos e das ameaças que existem à volta delas.
Se repararmos bem ma voz do Duarte, esta é parecida com a voz de um menino, porque esta é uma das consequências físicas desta doença.
Ficam muito perturbados com as mudanças de rotina, ansiosos. Têm movimentos por vezes descoordenados.
Durante a palestra, foi-nos mostrado um vídeo super-interessante para percebermos melhor que as pessoas que têm autismo são muito inteligentes e desenvolvem capacidades insuspeitas. Não podemos ficar sem vos contar como foi!
Havia um rapaz com autismo. Este foi convidado a fazer uma viagem de helicóptero por cima de Roma. Quando embarcou, ele só tinha os olhos para registar o que via. Quando chegou a terra, foi para um Museu. Numa das salas, colocaram uma enorme tira de papel branco, em semi-círculo e, durante 3 dias, ele desenhou tudo o que vira a partir do helicóptero, tal e qual como era. Incansavelmente, desenhou tudo ao pormenor, como as janelas, os carros, os semáforos das avenidas, os transeuntes… Sabemos lá!... Foi uma cena incrivelmente espantosa, espectacular… tanto que ficámos todos boquiabertos. Conseguiu este feito porque é dotado de memória fotográfica.
Finda a palestra, fomos ver a exposição com as fotografias tiradas pelo Duarte. Vimos quadros muito interessantes e bonitos e alguns até davam vontade de rir, pois, eram muito cómicos por apresentarem objectos inusitados, com efeitos espantosos.
Esta actividade foi muito interessante, porque, com tudo isto, aprendemos muito sobre um assunto do qual não se fala ou muito pouco. A enfermeira Maria Manuel esteve de coração aberto connosco, algo que nos comoveu, porque, no final de contas, a Dª Maria Manuel estava a falar do seu próprio filho, das dificuldades que têm.
E por tudo isso, agradecemos aos oradores, à Câmara Municipal de Marvão e aos nossos professores por nos terem proporcionado este encontro com o Duarte e a visão que ele tem do nosso mundo, onde todos crescemos de mãos dadas.

Trabalho realizado por:
Rute Oliveira, Helena Silva, Rui Silva, Cátia Anselmo do 7º A
ENTREVISTA

Vânia: Então, o que foram ver ontem à Casa da Cultura de Marvão?
Carlos: Fomos assistir a uma palestra sobre o autismo e conhecemos o Duarte. Também visitámos a exposição “O Mundo pelo Duarte”.
Vânia: Mas… quem é o Duarte?
Pedro: O Duarte é um adolescente de dezassete anos que vive em Sousel, por isso, é natural que não o conheças. Para além disso, sofre de uma doença rara, que é o autismo.
Vânia: O autismo?! Que doença é essa? É contagiosa?
Ana Carolina: Não, não é contagiosa. Mas resulta de uma malformação genética. Quando uma pessoa sofre de autismo, não tem noção do perigo, evita o contacto visual com as outras pessoas e levam sempre as palavras à letra. Algumas pessoas têm também uma excelente memória fotográfica. O Duarte, por exemplo, utiliza a fotografia para se expressar.
Vânia: Mas têm uma vida normal?
Carlos: Sim! É preciso ajudá-los a ter uma rotina diária para se sentirem seguros e serem autónomos, porque se a alterarem, isto pode provocar stress, exaltação. Como não têm noção do perigo que são os carros em andamento, é necessário tomar determinadas precauções.
Vânia: Ah!... É muito interessante! E a exposição de fotografias, digam lá como foi!
Ana Carolina: A exposição estava dividida em três partes e era composta por fotografias que o Duarte tirou durante as suas viagens a Paris e a Marvão, durante o Festival da Almoçassa. Também fotografou balões de ar quente em Sousel, durante um concurso. As fotografias dele mostram objectos e pormenores que, às vezes, nós ignoramos por serem tão banais, porém, mostrados pelo Duarte, até têm alguma beleza.


Alunos: Ana Carolina Caldeira, Carlos Bernardo, Pedro Caldeira, Vânia Pires.

1 comentário:

Maria disse...

A propósito de “O mundo do Duarte”

É verdade, é mesmo o mundo do Duarte, ou não estivéssemos nós, a falar de um jovem autista.

No entanto, é graças a iniciativas como esta, que tentamos (e por vezes vamos conseguindo) fazer uma pequena incursão no seu mundo, ao mesmo tempo que o Duarte vem dar uma espreitadela ao nosso, e por cá vai ficando a breves trechos.

A vossa sensibilidade, o vosso carinho, os vossos gestos, os vossos sorrisos cativaram a mãe e o filho. Permitiram ao meu filho, mais uma experiência no nosso mundo, e desta forma tocaram no que de mais querido, nós mães, temos: os filhos!

Sobretudo, quando estes são “especiais”, de tão diferentes que são.

Desta forma, e sem conseguir dizer mais, tão banais as palavras se tornam deixo um MUITO OBRIGADO A TODOS

Com amizade, beijinhos e abraços

Maria Manuel e Duarte Nuno